A história do camocinense Pinto Martins e o desrespeito a sua memória


Euclydes Pinto Martins nasceu em Camocim – CE, no dia 15 de abril de 1892. Interessou-se pela aeronáutica, que se desenvolvia por conta da guerra, durante a década de 20. Em 1922, o jovem aviador camocinense lutou para realizar o sonho de atravessar a América em um Hidroavião, ideia inusitada para a época.

A viagem New York – Rio de Janeiro, patrocinada pelo jornal “The New York World”, se tornou uma terrível aventura de obstáculos, só superados pela coragem dos tripulantes. Às 12h20min do dia 19 de dezembro de 1922, “um grande pássaro de asas abertas”, emitindo estranhos sons, chegava a Camocim. Era ele! O audacioso aviador que pousava em sua cidade natal, motivo de imensa festa e alegria para os camocinenses que participaram daquele momento histórico.

Pinto Martins foi também recepcionado pelo Presidente Artur Bernardes e recebeu um prêmio de 200 contos de réis por seu feito histórico. Viajou à Europa, voltou ao Rio e iniciou negociações para explorar petróleo.

Em 12 de abril de 1924, Pinto Martins morreu de forma brutal. Até hoje o episódio não está bem explicado, mas Monteiro Lobato, em seu livro “Escândalo do Petróleo e do Ferro”, sustenta que Pinto Martins foi vítima dos poderosos lobbies interessados em atrasar o desenvolvimento brasileiro. A verdade talvez nunca venha a ser conhecida.

Em 1952, atendendo às aspirações dos seus conterrâneos, o Presidente Café Filho sancionou Lei no Congresso oficializando o nome de Pinto Martins para o aeroporto da capital cearense.

2019

Quase um século depois do feito heroico, a memória do ilustre camocinense Pinto Martins sofre com o esquecimento daqueles que deveriam no mínimo zelar pela história e cultura de seu povo. Não se ouve um foguete, um evento, um lembrete... Há que agradecer aos professores que, apesar de todas as dificuldades, tentam levar aos jovens um pouco do conhecimento, da audácia e coragem empreendedora do aviador.

Não bastasse isso, neste 15 de abril, deparo-me com mais uma afronta à homenagem feita ao cearense Pinto Martins: a retirada de seu nome da fachada do Aeroporto Internacional de Fortaleza. O mesmo passa por reformas para melhorias em sua estrutura, mas ao apagar o nome do homenageado a empresa esquece que a história do povo cearense é um bem que deve ser respeitado.

No aeroporto, as obras estão previstas para conclusão em 2020, ou seja, ainda dá tempo de reparar a falha. Já quanto a consciência dos que deveriam zelar a memoria do aviador, filho ilustre de Camocim, essa não sabemos se dá pra reparar.